A filosofia surgiu acerca de 2.500 anos atrás. Aristóteles de Estagira (384-322 a. C.) é, junto com Platão e Sócrates, um dos maiores filósofos de todos os tempos. Na Metafísica, disse que os homens começaram a filosofar por causa da admiração. Assustados com o mundo que os rodeava perguntavam qual seria a causa da transformação das coisas, ou, qual seria a origem da vida. Foi aí que (antes de Aristóteles) Tales de Mileto (624-556 a. C.) disse que a causa de tudo o que existe seria a água. Diferente, Anaxímenes (588-524 a.C.) teria dito que era o ar. Heráclito (540-470 a. C.) teria dito que era o fogo a substância responsável pela existência e transformação de tudo o que existia. Indo além, Empédocles atribui à associação e dissociação de vários elementos (terra, água, ar e fogo) como responsável pela existência e diferença das coisas. Como vemos, eles buscavam uma resposta a pergunta pela existência e transformação das coisas num elemento da natureza. Houve os que acreditaram numa única substância e quem acreditou em várias substâncias juntas.

            Platão (428-348 a. C.) foi além de um conhecimento natural das coisas. Ele teve a intuição de que os sentidos nos enganam e tudo o que vemos neste mundo é sombra e ilusão do Mundo das Idéias. Comparando este mundo a homens aprisionados numa caverna, obrigados a ver somente imagens de pessoas e objetos que passam na entrada da caverna, os quais são refletidos no fundo da caverna por causa de uma grande fogueira do lado de fora. Acostumados com aquela vida crêem ser a única realidade que existe e se alguém tentar contar-lhes da existência de um mundo melhor que aquele não acreditariam. Diriam ser loucura poder existir uma vida melhor do que aquela a que estão acostumados.

Seguindo Platão, podemos dizer que os homens no interior da caverna são comparados aqueles filósofos que buscavam uma resposta a origem e transformação das coisas no nível da aparência. Eles não se deram conta de que existe algo mais além das coisas sensíveis. Conforme Platão, o Mundo Inteligível existe e é responsável pela existência de todas as coisas deste mundo: assim, como a fogueira fora da caverna é responsável pelas sombras no seu interior, as coisas desse mundo são reflexos do Sol. De onde vem a flor bela que vemos no jardim? Para Platão, ela é apenas uma cópia da verdadeira beleza no Mundo das Idéias. Se a flor que vemos é bela, imaginemos o quanto não será bela Aquela que a gerou?

Conforme Aristóteles, na obra Metafísica, umas das definições do que é filosofia consiste no estudo do ser enquanto ser, e, por isso, ontologia. Que é ontologia? Na sua etimologia é uma palavra de origem grega que possui a junção de duas outras palavras, onto (ser) e logia (estudo). Ou seja, ontologia é o estudo do ser. Aristóteles, que foi discípulo de Platão cerca de vinte anos, contrariou seu mestre Platão ao dizer que a essência de cada coisa está nela mesma. O que se deve investigar é o ser enquanto ser, enquanto ele é. Assim, o Estagirita notou que o que faz de uma árvore uma árvore é a sua qualidade vegetal. A filosofia enquanto ontologia consiste em investigar o que faz de uma coisa ser o que é e não ser outra coisa, ou seja, busca a essência da coisa. E a essência consiste naquilo que faz com que algo seja algo e não seja outra coisa. Por isso, que o animal (cão, cachorro, gato) é o que é por causa da sua animalidade que lhe é inerente. E é essa animalidade que faz com que ele não seja uma árvore (pessegueiro, bananeira). E o homem! Qual é a sua essência? O que faz com que o homem seja homem e não seja outra coisa? A sua racionalidade.

Portanto, filosofia – conforme um dos significados dados por Aristóteles – consiste em investigar o ser enquanto ser. Somente ela é que estuda o ser universalmente, enquanto que uma variedade de outras ciências estuda os seres de modo particular. Investigar o ser naquilo que ele é é sinônimo de investigar o ser na sua essência e isso nós já tratamos no primeiro artigo (Que é Filosofia?).

Evandro Pegoraro

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